Amor à Vida

Você nunca sabe quando está sendo a última vez.

Hoje pode ser a última vez que você fez algo especial, e você não tem a menor ideia de que a última vez está acontecendo. Parece melancólico pensar sobre a última vez das coisas, mas não é. Na verdade, é precioso.

A incerteza sobre o futuro, o amor pelas coisas presentes, a impossibilidade de voltar ao passado, de mudar o que já foi, de mudar o que se foi, a realidade sobre não existir o infinito ou o para sempre em relação ao tempo, mas apenas na forma como vivemos nossos sentimentos mais intensos, porque eles de fato parecem não ter fim, trazem importância para o momento presente e convidam a aproveitar com intensidade o agora.

O agora é nosso maior presente.

Você cresceu e o sorvete colorido, parece não ter mais aquele sabor totalmente indecifrável e incrível. De repente, ele que era tão delicioso perdeu a graça e o indecifrável virou estranho. Mas ele era, sem sombra de dúvida, o seu sabor preferido.

Aquela festa que foi até o amanhecer, que te acordou com dor de cabeça e desesperada para se lembrar de cada momento da noite, apesar da amnesia não te permitir ligar, início, meio e fim, foi a última. Você foi pedida em casamento e sua melhor amiga se mudou para Londres. Você iniciou uma nova fase em sua vida e do dia para a noite ficou velha de mais para festas que vão até o amanhecer e que causam perda de memória e de controle. E mesmo que você não tivesse ficado noiva, ou velha demais para isso, sua melhor amiga está em outro país e as festas sem ela jamais serão as mesmas.

A cena mudou. A casa antes bagunçada, agora está impecável. A gritaria, de um falando por cima do outro, cedeu lugar e um silencio ensurdecedor. Seus filhos foram viver suas vidas, afinal é assim que acontece. Você se lembra da última refeição barulhenta em volta da mesa com sua família completa? Você aproveitou aquele momento como se fosse o último? Você não sabia que seria, afinal.

Suas roupas atulhando seu guarda-roupa, apesar de novas, porque foram pouco usadas, não servem mais. A peça de lantejoula está obsoleta para seu atual calendário de eventos. Você se lembra quando a usou pela última vez? Você aproveitou de corpo e alma aquela noite? De repente você se lembra que aquela blusa amanheceu jogada no chão do quarto que um desconhecido. No dia sentiu vergonha, quis ir embora correndo. Hoje morre de orgulho, e alivio, por ter feito algumas loucuras. Afinal, aquele era o momento de fazer algumas loucuras. Você era livre, não tinha compromissos e apesar de parecer loucura, sempre fez tudo com responsabilidade.

Sabe essa pessoa dormindo aí do seu lado? Ela está se transformando, enquanto você se transforma também. Os gostos, a rotina, os compromissos, a disposição, os sonhos, mudaram. E enquanto tudo ia mudando, você não sabia que aquela fase estava terminando. Você mal percebeu que outra fase deliciosa começava. E quando se deu conta já foi.

Se você soubesse que aquela seria a última vez, teria dado mais importância, mais valor? Teria vivido com mais intensidade e menos preocupações? Teria vivido mais o momento, sem se preocupar com o que passou ou com o que estava por vir?

Pode ser a última vez que você vê essa paisagem, essa pessoa, essa cena. A última vez que sente esse gosto, esse abraço, esse cheiro.

As últimas vezes nos oferecem uma oportunidade preciosa de aproveitar o momento, guardar na memória, fazer história e nos brindam com a oportunidade do novo. Novas fases, novas histórias, novos sonhos e uma infinidade de primeiras vezes.

Esteja presente em cada momento do seu agora. Registre na memória e no coração. Aproveite cada fase desse presente que é a vida. Seja responsável por primeiras e últimas vezes das pessoas que você ama e se permita ser as delas também.

Viva como se hoje fosse a última vez, com o coração aberto para fazer do agora eterno, delicioso e inesquecível. É no agora que mora o que há de mais precioso na nossa vida. Sem arrependimento, talvez muita saudade, com certeza com muito amor.

 

Sabrina Almeida

Sou mãe, filha, esposa, mulher, amiga, confidente, conselheira. Sonhadora, determinada e realizadora. Organizada, mas com um que de caótica. Apaixonada pela vida e pelas pessoas. Intensa!

Publicitaria, trabalho desenvolvendo produtos e marcas para deixar as pessoas mais bonitas e felizes.

Escrevo porque amo escrever. Minha cabeça está sempre repleta de sonhos e devaneios. Sigo sempre meu coração. Hoje penso mais antes de tomar uma decisão. Encontrei a FELICIDADE, assim todinha maiuscula, nas coisas simples da vida. E escrever é uma delas.

Enquanto as pessoas vão para a academia, fazem trilhas, tocam instrumentos musicais, cozinham… Eu escrevo! Esse é o meu hobbie… Escrevo para traduzir o que está no meu coração, sem regras, métodos ou filtros. Escrevo porque me inspira e me faz feliz.

Acredito que é simples ser feliz e que para isso é preciso uma boa dose de coragem, de sorte e de sonhos e devaneios.

Quando eu decidi escrever, uma pessoa me perguntou: “quem te garante que as pessoas vão se interessar pelo que você escreve?” E a minha resposta é como vou concluir minha apresentação.

Vou escrever para tentar ajudar as pessoas a ver diferentes perspectivas, rir no meio de um dia difícil ou enxergar poesia no dia a dia. E se eu conseguir tocar o coração de pelo menos uma única pessoa, já terá valido à pena.

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