Na busca do sentido da vida é muito comum pararmos para questionar para onde estamos indo ou para onde nossa vida está nos levando. É angustiante pensar que às vezes não temos o controle e que coisas inesperadas vão acontecer que podem fazer desmoronar algo que levamos muito tempo para construir ou que vão nos surpreender mostrando que não é preciso tempo ou muito trabalho para construir algo valioso nas nossas vidas. A nossa vida é uma grande surpresa, por mais que tentemos planejar cada detalhe.
Na nossa tentativa de planejar tudo, nos enchemos de metas e estamos sempre em busca de algo. Em busca de sentido, de significado, de dinheiro, de amor, de conhecimento, de felicidade. É a busca que nos faz levantar da cama todos os dias e nos despir dos sonhos para colocar nossa roupa de viver. A busca é um dos nossos maiores bens para encontrar o sentido da vida. Só precisamos tomar cuidado para a busca em si não ser mais importante que as nossas conquistas. A conquista pede celebração e reconhecimento. Muitas vezes na ânsia de seguir buscando, mal realizamos uma meta e já estamos focados em outra. É preciso viver nossas conquistas e aproveitar a realização delas porque essa é a maior recompensa de quem está em busca, seja lá do que for.
O sentido da vida está na busca da felicidade e nesse caso, estamos sempre correndo em busca da felicidade imediata, às vezes até negligenciando um pouco o que nos garante a felicidade a longo prazo, aquela que quando aparece, se escancara e que dá significado para a vida. A felicidade imediata aparece a partir das concessões entre indulgência e culpa. Aquela que faz sentir prazer e dá graça para a vida. No final a felicidade imediata garante graça enquanto a de longo prazo garante significado. Por isso é preciso ter sonhos, metas e muita coragem para se permitir sentir prazer sem culpa, sem negligenciar aquilo que realmente importa na nossa vida. E nessa equação temos que tomar cuidado para não trocar o que mais queremos no momento pelo o que mais queremos para a vida inteira.
Nessa corrida rumo à felicidade descobrimos que às vezes se ganha e em outras se perde. O importante é chegar íntegro lá no final. Também aprendemos que é preciso fazer escolhas e que para cada escolha sempre fazemos uma renúncia. Nessa corrida queremos abraçar o mundo, estar em muitos lugares ao mesmo tempo, parar o tempo ou fazê-lo passar de acordo com o nosso ritmo. Congelar os momentos de alegria e voar com os de tristeza ou espera. Mas não temos esse poder, nem essa capacidade e nunca teremos.
É comum buscarmos a felicidade constante, aquela que não dá nenhum espaço para a angústia ou a tristeza. Porém elas são parte da vida. É normal se sentir triste às vezes, se angustiar sobre as escolhas que nos trouxeram até aqui, sentir medo. Não dá para fugir disso. Isso é parte da vida e ajuda a valorizar os momentos realmente felizes. Tem dias que são bons e sempre vem a noite para acabar com eles e tem dias muito ruins e sempre vem o sol para nos dar uma segunda chance. Assim é a vida. É preciso aproveitar quando tudo dá certo e respeitar quando não vai tão bem assim.
É preciso ter propósito. Vivemos questionando o nosso propósito de vida e correndo atrás de grandes feitos. Mas para isso, não precisamos ter uma grande causa, alimentar o mundo inteiro ou doar todos os nossos bens. Trabalhar salvando as baleias ou as árvores. Precisamos apenas fazer a nossa parte para ajudar a cuidar das baleias e das arvores para que elas no final, nem precisem ser salvas. Trabalhar em algo que nos realiza e que combina com o nosso jeito de levar a vida, viver intensamente nossas relações e se doar para as pessoas que amamos. Fazer o bem, sem olhar a quem. Tornar a vida das pessoas melhor. Deixar o melhor de nós por onde passamos. Se conseguirmos fazer isso, estamos fazendo diferença para melhorar a vida das pessoas e isso é um tremendo propósito.
Vivemos reclamando da falta de tempo e da falta de emoção na vida. Parece que o sentido da vida está em tornar nossa agenda repleta de compromissos, porque afinal ser ocupado é o máximo ou fazer da vida uma montanha russa de emoções, que nos mantém as borboletas no estômago, porque afinal é muito melhor viver com frio na barriga, totalmente apaixonados. E nessa ânsia de querer ser tudo, de fazer tudo, de amar tudo, acabamos não estando presentes em lugar nenhum e ainda vamos terminar os dias exaustos, mesmo tendo feito tudo pela metade e em relações de mentira mesmo nos sentindo super apaixonados. Seja qual for a nossa escolha sobre onde queremos estar é preciso estarmos de fato presentes.
“Quem está em um lugar pensando em outro lugar, não está em lugar nenhum.”
A desculpa que devemos começar a dar pela nossa falta de tempo deveria ser: “Desculpe, não tenho tempo para nada. Porque ser feliz, me consome muito.” Sim! Deveria ser simples assim. Só tem espaço na nossa vida o que nos faz feliz e só vamos nos comprometer com nossos multi papeis depois de fazermos de fato nossas escolhas sobre quem e o que queremos ser e onde queremos estar. Aí mora a felicidade diária que além de graça, traz significado para a vida.
O que nos faz sentir, faz sentido e que depois de tantas contas sobre escolhas e renuncias, definição de metas e sonhos, sobre o que queremos ser e onde queremos estar, o maior sentido da vida está em acordar todos dias e fazer a nossa vida fazer sentido.