Todas as vezes em que uma fase ruim começa na nossa vida, acabamos transformando ela no centro do nosso universo e fazendo dela o resumo do nosso ano ou da nossa condição de infelicidade na vida. Geralmente as fases ruins não duram muito tempo, mas a nossa percepção é de que duram uma eternidade ou que duram para sempre. Está aí uma coisa incrível da vida. Não há fase ruim que dure para sempre. E não existe problema que não tenha solução (por mais dolorosa que a solução possa ser). Enquanto as fases boas são vividas com euforia e pouca dedicação para desfrutar do prazer que essas fases trazem.
Tem momentos da vida em que tudo, absolutamente tudo parece estar errado. O que nos faz pensar nas escolhas que fizemos no amor, na profissão, na carreira e até no círculo de amizades. Nos arrependemos de termos feito as prioridades erradas. Aquele exame que foi sendo adiado podia ter detectado algo ruim a tempo de tratar mais rápido ou de maneira menos dolorida, mas geralmente se não dói, priorizamos tudo à nossa saúde e seguimos repetindo que saúde é o mais importante. Se é de fato o mais importante, temos que tratar como se fosse. Não basta desejar ter saúde é preciso cuidar dela. O mesmo acontece com as amizades. Para termos grandes amigos é preciso sermos grandes amigos também e isso demanda muita dedicação. Preservar uma amizade dá muito trabalho. É preciso estar presente, ouvir, falar na hora certa. Mas é muito prazeroso. Nada pode ser mais divertido do que estar fazendo qualquer coisa com nossos grandes amigos seja uma viagem inesquecível ou se embebedando de vinho enquanto falamos dos nossos sonhos ou dos caminhos que percorremos para chegar até ali. Para sermos bem sucedidos é preciso fazer sempre a nossa parte. Estudar, trabalhar horas, fazer bem feito, engajar as pessoas, dedicar nossa criatividade, nosso coração e nossa capacidade racional até doer. Fazendo a nossa parte, certamente o resultado virá.
Existem fases estagnadas e improdutivas. Aquelas que passamos meses fazendo algo que não nos projeta para frente. Eu costumo chamar de colheita ou até entressafra. É preciso estar consciente de que os projetos mais complexos levam tempo. É preciso ter paciência e sabedoria para esperar o tempo passar e tirar todos os aprendizados possíveis do processo. As fases de espera, são as que mais nos ensinam. As fases que mais nos ensinam, são as que geralmente nos fazem sofrer, as fases que nos fazem sofrer são as que mais demoram a passar. Mas quando passam, a recompensa é enorme. Dá um orgulho tremendo ver a entrega, concluir. E nesse momento, dá ainda mais orgulho de olhar o caminho que percorremos para chegar até ali. Geralmente dentro do olho furacão não percebemos algumas coisas, só possíveis de enxergar quando refazemos o caminho percorrido e uma das coisas que mais encontramos é coragem. Dá orgulho refazer o caminho da conquista e nos darmos conta do quanto fomos pacientes, fortes, resilientes e corajosos. Não há fase estagnada que dure para sempre. Não há fase de espera totalmente improdutiva. Depende sempre de como nós encaramos essa fase. Morrer de pena de si mesmo e esperar passar? Fugir para qualquer lugar, mesmo com o risco de que em breve a descoberta seja de um lugar pior? Ou ser resiliente, estando consciente da fase de construção? A terceira opção é que mais nos ensina e que mais nos impulsiona. Algumas vezes só há um caminho. E quando isso acontece é preciso estar muito ciente das perdas e conquistas, dos danos e das realizações, para seguir por ele. Para toda a fase estagnada, é preciso resiliência. Isso vale para tudo na vida: no amor, na educação dos filhos, na construção da carreira, na realização de grandes sonhos.
As grandes conquistas demoram a chegar e são difíceis, por isso é preciso trabalhar duro para consegui-las. E assim acontece com todas as nossas conquistas. As pequenas e as grandes. Por isso é preciso celebrá-las e ter muita resiliência para acompanhar a fase da espera, para poder olhar para trás e morres de orgulho de nós mesmos.
A fase de espera é melhor vivida quando temos expectativa de uma colheita muito boa. E só se consegue isso, plantando boas sementes. E por falar em plantar. A vida é feita de momentos como diz a música: “Um dia encontro a minha paz. Na praia ou em uma cachoeira. Agora eu tenho que plantar na roça para vender na feira.” É preciso plantar, se temos expectativa de uma colheita.
Com o novo ano chegando começam as reflexões sobre o que passou, se enumeram as conquistas e também se contabilizam as perdas. O balanço sendo positivo, deve trazer a sensação de um ano bom. E à meia noite, quando zeramos o cronometro e todas as esperanças são renovadas já saímos pedindo mais, sem ao menos agradecer pelo que passou. A busca da felicidade gera uma tremenda angustia, que é potencializada quando o relógio aponta o novo ano chegando. É preciso se concentrar para pedir tudo. Correr… Nessa hora em que começamos as escolhas e prioridades. É preciso calma para estabelecer nossas novas metas. E tempo para olhar o caminho percorrido e sentir orgulho dele, ou melhor, da nossa coragem e sabedoria para percorrê-lo.
Se queremos mudança, precisamos fazer algo diferente. É preciso uma boa dose de coragem e ousadia. É preciso às vezes até correr riscos. Se queremos saúde é preciso cuidar dela. Se queremos paz, é preciso jogar as pedras da mão e abrir o coração para o perdão. Precisamos aprender a deixar a deixar para lá. Se temos sonhos é preciso nos dedicar de verdade a eles. Se vivemos uma fase ruim ou estagnada passe logo, é preciso resiliência e planos de mudança. Se queremos amor, é estar aberto para recebê-lo e é preciso ter também muito amor para dar. Se queremos felicidade, geralmente, basta olhar para o lado, não importando a hora do relógio. Os filhos se desenvolvendo e crescendo. Nos retribuindo com abraços e declarações de amor todas as nossas renúncias e dedicação para cuidas deles. Aproveitar a deliciosa de arte de não fazer nada. A vontade de viver e ser feliz. O trabalho que nos realiza pessoal e profissionalmente, gostoso de fazer. São coisas que são nossas e não importa que horas são. Encontrar a felicidade na rotina é a melhor maneira de reconhecer a felicidade. Claro que desejo a todos grandes conquistas, grandes feitos e realizações, muita saúde, muita sorte e uma vida prospera. Mas antes de qualquer coisa, desejo que a felicidade vire rotina. Os prazeres diários tiram um pouco a responsabilidade das grandes coisas, porque essas podem demorar para acontecer. Pegar na mão da pessoa que você ama. Dar um abraço para matar as saudades de uma pessoa muito querida, ter a casa preenchida de alegria, trabalhar um grande projeto que vai mudar para melhor a vida das pessoas. Esses prazeres são nossos, todos os dias.
Feliz ano novo e que nesse novo ano a felicidade vire rotina.